quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Otavalo - Ecuador

Sábado, dia de feira em Otavalo! Acordamos cedo e o Sr. Oswaldo Garcia, motorista de taxi, já nos aguardava para o passeio. Saímos às 9 hs da manhã. Otavalo fica a 60 km de Quito pela Carretera Panamericana, na direção norte. Rodeada por vulcões inativos mantém um ritmo de cidade de interior, com seus 50 mil habitantes, a maioria é indígena. Vivem do artesanato e do comércio. A feira tornou-se famosa no roteiro turístico e hoje é a mais conhecida do Equador.

Demos uma parada rápida na laguna San Pablo, que fica num povoado do mesmo nome, próximo à Otavalo. Linda paisagem! Ao longe os vulcões.


A cidade é bem organizada, limpa e com uma a praça arborizada e florida. Oswaldo nos deixou numa rua próxima à feira e combinamos que não tínhamos hora certa de voltar, até porque era muita coisa para ser vista e estávamos animados para fotografar e filmar.

Descemos em direção à feira e descobrimos que ocupa várias ruas e uma praça. São centenas de barracas com grande variedades de trabalhos artesanais: ponchos, tapetes, mantas, tapeçarias que representam cenas da vida no campo, artigos de couro, bijuterias em sementes, flautas pan, chapéus Panamá , esculturas em madeira, pinturas à óleo e uma variedade em roupas. Tem uma praça que vende cereais, verduras, frutas e comida pronta. Eles comem muita carne de porco, que é assado inteiro e fatiado. Comemos banana assada! Muito boa!

Um aspecto admirável e único dos povos indígenas de Otavalo é que eles tem uma economia próspera mas continuam mantendo sua tradição étnica. As mulheres vestem blusas brancas de mangas com babados e bordadas em florais. Colares de missangas douradas de várias voltas envolvem o o pescoço das mulheres de qualquer faixa etária, desde as crianças. Saias rodadas compridas, cabelos negros trançados e um tecido enrolado na cabeça. Carregam suas crianças e bagagens nas costas amarradas num tecido. Algumas substituem o lenço por chapéu panamá com uma pena de pavão enfeitando a lateral. O que chama a atenção é a baixa estatura. Acredito que os mais altos devem atingir 1,50m.

Zico não resistiu e comprou um chapéu Panamá, comprei uma flauta e um presépio esculpido em madeira. Encontrei esculturas entalhadas em jarina, o marfim vegetal, que lá se chama tanguá. É preciso resistir bravamente pois os preços são muito baratos e todas as peças podem ser pechinchadas. A feira de Otavalo é o lugar para se comprar lembranças e presentes. Mas não se pode esquecer de que quem compra carrega, e o excesso de peso nas bagagens custa caro! Pena que não trouxe uma máscara, são lindas!

Foram centenas de fotos! A riqueza nas cores, o artesanato, as crianças, os idosos, todos tem traços expressivos e vestem roupas que contrastam com seus semblantes. Nem sempre gostam de ser fotografados. Ou se escondem ou cobram por isso. Que pena que não levamos uma lente que pudesse capturar melhor algumas cenas!

Almoçamos no restaurante Delli. Simples mas muito charmoso. Fica no final da rua onde a feira encerrava. Apesar do nome indiano, optamos por comida mexicana com suco de frutas nativas. Uma ótima parada para organizar as compras e refrescar um pouco depois de horas caminhando. Retornamos para o ponto onde iniciamos o passeio e encontramos Oswaldo calmamente recostado no carro, à nossa espera. Chegamos no hotel às 5 da tarde, realizados com o nosso passeio.

À noite fomos jantar na famosa Plazza Fosh. Que lugar interessante! É uma rua extensa que termina numa praça, com bares, restaurantes, cafés, cybercafés, e gente, muita gente circulando, principalmente garotada. É o point de Quito! Fica a quatro quadras do hotel que nos hospedamos. Fomos à pé mas voltamos de táxi. Nos recomendaram que não voltássemos sozinhos, para não ter risco de assalto. Nos sentimos seguros mas como nos avisaram, melhor não abusar, além disso o táxi custa muito barato, no máximo US$ 2,00.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Quito - I

Estamos viajando há 16 dias e parece que faz mais de um mês que saímos de casa. Quanta coisa já vimos e a mente não pára de processar tantas informações novas e de estabelecer correlações! Lembro-me de uma crônica que li recentemente, que dá dicas de como tornar os dias mais longos quebrando-se a rotina, a repetição dos hábitos como o de seguirmos sempre os mesmo caminhos, que resultam em dias enfadonhos, a vida passando rápido e a sensação de nada a acrescentar. Ele tem razão. O fato de estarmos em lugares diferentes, que estimulam os sentidos e a criatividade, faz com que o dia pareça ter 48 horas! Que bênção!

Fomos procurar o hotel que fiz a reserva e nos transferimos para outro, muito melhor em todos os sentidos. O Hotel Windsor fica na Av. Amazonas com Rocca, em frente ao Hotel Mercure. A diária renegociada ficou em US$ 47,00. O local é excelente. Fica no bairro "La Mariscal" que é moderno, com prédios que abrigam o centro financeiro, excelentes bares e restaurantes, e o mercado de artesanato. Nosso quarto é amplo e tem uma sala de banho espetacular! Mesmo um pouco mais caro que o outro, resolvemos nos presentear, para compensar a noite anterior.


A cidade de Quito encontra-se em um vale contornado por montanhas e está a 2.850 metros de altitude. Possui um clima agradável e encontra-se somente a 22 km da Linha do Equador. Além de sua bela paisagem, a cidade conta com uma rica história. Hoje é considerada patrimônio cultural da humanidade.

Em Quito não ficaram restos da civilização inca porque a cidade foi fundada sobre as ruínas de uma importante cidade inca, destruída pelos homens de Atahualpa. O centro, que é a parte antiga, destaca-se por suas casas restauradas em cores alegres e telhados vermelhos. Muitas igrejas em estilo colonial, barroco e gótico. Ao norte fica a cidade moderna de Quito, onde encontra-se o aeroporto e áreas residenciais de alto nível, enquanto que ao sul a zona é a parte mais pobre da cidade. Ao contrário de Bogotá, o caminho do aeroporto à cidade é cheio de pequenas casas de tijolos de concreto aparente e vergalhões na laje, dando a impressão de estarem a espera para fazer um puxadinho.

O táxi é baratíssimo. Você roda 10, 15 minutos e paga no máximo US$ 3,00. E todos usam taxímetro e devolvem o troco, na íntegra. São gentis e sempre querem saber de onde somos. É interessante que não reconhecem nosso sotaque e quando nos identificamos logo começam a falar de futebol e citar os jogadores da seleção. Percebemos, nos contatos que tivemos com colombianos e equatorianos, que pouco ou nada sabem à respeito do Brasil. Somos um país desconhecido para nossos hermanos. Acredito que a maioria dos brasileiros conhece um pouco sobre a Argentina, Chile e Peru, até pela facilidade em viajar pelas nossas companhias aéreas e conseqüentemente mais divulgados pelas empresas de turismo. Nós também conhecemos pouco à respeito dos demais países da América Latina.


Pegamos um táxi e fomos para o centro histórico. Ruas estreitas e muitas ladeiras. As igrejas são belíssimas. Decidimos dar uma volta à pé pelas ruas para um reconhecimento da área, para depois nos atermos nos lugares mais importante a serem visitados. Aproveitamos para almoçar um menu pronto, pois a fome apertou e nos lembramos que no dia anterior passamos a sanduiche e aqueles lanchinhos com gosto de nada servidos nos aviões.


O céu que estava nublado limpou. Decidimos ir visitar o Complexo Teleférico de Quito. A estação de saída está a 2950 m de altitude e fica na Av. Occidental com a Av. La Gascaz, num parque temático. O ponto de chegada fica a 4050 metros. A subida leva de 8 a 10 minutos, pois é muito vertical e a sensação de estar sempre subindo sem visualizar a chegada é no mínimo excitante prá quem não gosta de montanhas russas e de grandes emoções em parques de diversão. São mais de 1000 metros em 10 minutos, dentro de uma cabine transparente nas laterais. Para quem saiu do nível do mar no dia anterior, a sensação de ar rarefeito não nos deixa relaxados.


Chegamos à Estação Cruz Lomas, onde há um espaço com cafés, bares e restaurantes. As lojas são voltadas para a cidade onde se pode olhar por um telescópio. Demos uma descansada para reduzir os batimentos cardíacos e tomamos um chá de coca, recomendado para melhorar a respiração. Subindo mais algumas escadas, chega-se ao topo da montanha, onde a vista panorâmica ainda é mais especial! Quito é fantástica vista do alto. É uma vista aérea mesmo!A neblina se formava rapidamente cobrindo a montanha e a vista, num ciclo contínuo. Em poucos minutos se dissipa. O frio aumenta por causa do vento mas nada que chegue a incomodar. Adoramos o passeio-aventura. É imperdível, mas acho prudente que não seja feito no primeiro dia da chegada, até o organismo se adaptar melhor a altitude.


Paramos para um Happy hour num bar localizado na área externa do Shopping "Espiral", a duas quadras do hotel. Um conjunto se preparava para tocar rumba. Tomamos um drink delicioso de café, depois um chá, uma cerveja, até que iniciaram o show com um ritmo contagiante! Curtimos por um bom tempo aquele ambiente aquecido pela música mas o frio começou a apertar e voltamos para o hotel.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Até outro dia, San Andrés!

Ontem à noite saímos para nos despedir da ilha. Fizemos mais algumas compras e paramos num bar para tomar um drink. Uma Piña Colada para as meninas e uma cerveja com rum para os meninos! Pagamos caro pelos drinks, R$ 60,00. A despedida não era só de San Andrés mas do Roberto e Edna que seguiriam para o Panamá e depois Costa Rica, e nós para o Equador. Existia a possibilidade de nos encontrarmos no aeroporto em Bogotá, dia de retorno para o Brasil.

Levantamos cedo para fechar as bagagens e tomar nosso café no Guillo. Caiu uma chuva torrencial que escureceu o céu, mas nem nos preocupamos, já estávamos acostumados com essas pancadas rápidas e em menos de 10 minutos o céu limpou. Decidimos ir cedo para o aeroporto porque tem sido um ritual desgastante a fiscalização para o embarque na Colômbia.

Está virando uma paranóia a questão de segurança. Com o narcotráfico espalhando droga para o mundo todo, entendíamos procedente a fiscalização, mas nada mais desagradável que o fato de ter que abrir as malas antes de despachá-las. Vários policiais ficam em frente a uma mesa, onde as roupas são apalpadas e embalagens abertas. E aí, é uma correria para liberar o espaço para o próximo, fechando as malas de forma atabalhoada, tendo que acomodar tudo novamente. Sem contar que os objetos parecem aumentar de volume e a mala não fecha mais tão facilmente. A sensação que se tem é que todos são bandidos ou mulas, até que provem o contrário. Um rapaz teve a mala esvaziada, jogada no chão e o guarda colocou um pastor alemão dentro dela, para farejar. Não vimos o final da história, mas é uma cena constrangedora.

Desde Bogotá sentimos o impacto da militarização na vida cotidiana do cidadão. Os militares estão em todos os cantos com suas baionetas, inclusive nas portas de museus, hotéis e edifícios públicos. É uma convivência pacífica, são simpáticos e até nos saúdam com "Buenos dias". Mas nos aeroportos chegam a ser ríspidos e não facilitam na colocação ou retirada das malas sobre as mesas.

Quem viaja tem de estar disposto a passar por essas exigências e procurar não se aborrecer. O baculejo é feito depois do raio X e antes de entrar nos aviões. Com todo esse procedimento ainda vimos pessoas serem chamadas para fazerem reconhecimento das bagagens, antes de serem colocadas nos aviões. Para nós cidadãos do bem é um excesso, mas para eles, uma necessidade e um cumprimento de ordens. Então, é aprender a relaxar e a não perder o humor, mesmo nessas horas.

Vôo atrasado não é privilégio só do Brasil. Nosso vôo marcado para as 12:30 hs foi remarcado para as 14 hs. Conseqüentemente, perdemos a conexão das 16 hs. de Bogotá para Quito e o próximo vôo, só as 22 horas. Com isso, perdemos um dia dentro de aeroportos. A AVIANCA anunciou que pagariam o almoço. Veio um sanduiche com batatas fritas e coca cola... e mais um atraso! O vôo das 14 hs. só sairia as 17 hs devido ao mal tempo em Baranquila de onde vinha o avião. Chegamos em Bogotá às 19 horas. Ainda bem que o vôo para Quito saiu na hora marcada.

Chegamos a meia noite em Quito. O tempo estava bom, com uma temperatua de 10 graus. Pegamos um taxi que nos levou ao hotel que reservamos. Portas fechadas, ninguém na recepção e nós do lado de fora sem saber o que fazer, doidos por um banho e uma cama! Foi aí que o taxista nos levou para o primeiro hotelzinho que apareceu nas redondezas. Uma recepção apertada, com três mesas num corredor, cheias de fumantes. Que lugar horrível! Pedimos para ver o quarto, que estava limpo, uma cama de casal razoável e banheiro com ducha. Como não era hora de reclamar e com um cansaço danado, ficamos por ali. Não percebemos se a cama era boa ou ruim. Apagamos. Que dia difícil, mas amanhã é um novo dia.


Bob Marley em San Andrés

Dia de ir à praia em frente ao Hotel. Céu azul, muito calor. Hora de iniciamos nossa árdua tarefa de tomar cerveja Águila, trazida pelo Agostinho. Poucos turistas nas barracas e na praia. São os nativos que dão o tom e fazem o agito, seja tomando sol, mergulhando ou puxando turistas com máscaras de mergulho em cima de pranchas de surf. Que cena bizarra!

Mas divertido mesmo é ver o Mango, um negro comprido e alto, com cabelos rastafari, alguns dentes e um saco cheio de instrumentos por ele fabricados. Não sabemos ainda onde fica o divisor entre a loucura e o oportunismo, mas ele é parte daquele cenário, pois já tínhamos visto suas apresentações de Reegae, como era sua aproximação do turista desatento e só não sabíamos que nós seríamos as próximas vítimas e participaríamos do mico!

Ele chega manso, como quem nada quer. Conversa vai, conversa vem, ele se auto-intitula artista e músico e começa a retirar do saco uma garrafa pet, cheia de grãos, uma espécie de cajado e uma madeira menor, uma tampa com uma colher, e vai repassando como quem nada quer. Se você pegou algum daqueles objetos, não tem como cair fora!

E foi assim que ao meio dia de sol quente, acompanhamos o Mango, cantando pela metade alguns Reegaes do Bob Marley, cheio de empolgação. E eu me lembrando da cara dos turistas do dia anterior, com cara de desolados, tipo o que estou fazendo aqui? Não tivemos dúvida, entramos no clima e fizemos um belo acompanhamento. Mico tem que ser completo!

Terminado o pequeno show, o vexame, ele quería cobrar-nos US$ 10,00! Foi aí que Zico e Roberto protestaram e ofereceram $6.000,00. Disse que não aceitaria. Edna teve que se retirar e levou a bolsa, resumindo o Mango só levou $5.000,00 aproximadamente
US$ 2,50!

Passeio a Johnny Cay

Acordamos bem cedo para tomar o café da manhã na lanchonete do outro Hotel Porto Belo, a um quarteirão de onde estávamos. As garçonetes são simpáticas e lentas, apesar do aparente agito. No mínimo gastamos uma hora para o ritual entre escolher qual tipo de desjejum, trazido às prestações, até conseguirmos sair dali. Naquela manhã estávamos apressados porque ficou combinado com o Agostinho que ele nos levaria até o porto para pegarmos uma lancha às 9 horas rumo a ilha Johnny Cay e que seria uma lancha para nós quatro, para podermos fotografar com calma e usufruirmos do visual.

Passando um pouco das 8 horas, Agostinho iniciou a ronda pelo calçadão e ficou de plantão, com receio de perder sua propina (nome da comissão pelos serviços prestados). O preço do passeio foi de $15.000,00 pesos por pessoa, aproximadamente R$ 15 reais. Pedimos o café mais simples e saímos rapidamente atrás do Agostinho, em fila indiana, sem saber exatamente o caminho. Caminhamos à bessa e atravessamos para o outro lado da ilha no local de embarque. Dezenas de turistas aguardavam bem comportados a sua vez de embarcarem, sentados em bancos improvisados de tábua. Vendedores ambulantes ofereciam bijus e sapatilhas de neoprene por $ 10.000 pesos para andar sobre os corais. Foi lá que conhecemos um casal de cariocas que nos fez companhia.

Daqui a pouco um nativo começou o check list, gritando o nome das pessoas. Foi quando percebi que ele olhava para um recibo e abanava a cabeça em desaprovação... Claro que era o comprovante do Agostinho, que não colocou nossos nomes! Nos apresentamos e fomos encaminhados para a área de embarque. Foi ali que descobrimos que a nossa lancha particular também iria levar mais 21 passageiros, isto é, 5 pessoas sentadas em cada banco. Como todo turista passa por essas e como não tínhamos escolha, ou era daquele jeito ou não íamos, então: Vamos nessa e que Deus nos proteja! Ainda bem que tinha colete salva vidas prá todo mundo!

Mal saímos começou a cair uma chuva forte! Todos de cabeça baixa, olhos fechados e ensopados naquela lata de sardinha! Em poucos minutos a chuva passou, o sol apareceu e veio a grata surpresa! A cor do mar é fascinante mesmo em lugares profundos é de uma transparência indescritível! Próximo às ilhas conseguimos visualizar corais e o branco da areia no fundo!

Paramos num aquário natural, situado numa ilhota com uma praia de um lado, onde só cabe um bar para apoio e aluguel de máscaras e sapatilhas. Do outro lado o mar é raso e os corais formam piscinas. Com a água morna pela cintura, dá prá caminhar e olhar os peixes, sem os equipamentos. Várias lanchas chegaram ao mesmo tempo e são dezenas de pessoas disputando espaço. Com a saída de vários grupos percebemos que algumas espécies de peixe não aturam o tumulto e só retornam quando o ambiente fica calmo. Curtimos muito a flutuação, mas dá pena a exploração excessiva do local.

Saímos dali direto para Johnny Cay. A ilha é uma reserva natural, linda, de areias brancas, mar transparente, muitos coqueiros e parte da vegetação nativa. Em poucos minutos nós a contornamos a pé. Na praia, muitas tendas são armadas, ambulantes vendem bugigangas e os vários quiosques oferecem almoço e bebidas. É uma pena pois esse tipo de turismo destrói a beleza e os recursos naturais. Na caminhada, encontramos um sofá abandonado, em contraste com um caramujo andando pela praia, lindo e ignorando os invasores... Ao final da tarde, quando todos regressam e a ilha fica vazia, sem a poluição visual, imaginamos que se transforma num paraíso. É como a enxergamos em frente ao hotel.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Arquipélago de San Andres - II

Saímos em busca de máscaras para comprar. Nossos próximos passeios incluem mergulho com Snorkel e seria imperdoável sair da ilha sem passar por aquela experiência. Já equipados, contratamos um táxi para dar a volta na ilha, que é contornada por uma estrada à beira mar. O taxista chegou com um carro zero Km, cheirando a novo. Iniciamos o trajeto, deixando o lado das praias e começamos a contornar a orla. O mar já tinha pequenas ondas que quebravam nos corais. Mesmo com aquela calmaria, ele nos contou que ali também ocorrem ressacas e a água invade a pista. Antigo morador da ilha, foi narrando histórias e nos mostrou um belíssimo hotel desativado. Ficamos sabendo que era mais uma propriedade que o governo havia confiscado dos traficantes de drogas.

Ofereceu-nos para conhecer uma lagoa de água doce com crocodilos. Numa região com árvores frondosas, nos levou para o grande mico da ilha. Era um pequeno sítio, com mangueiras antigas e algumas goiabeiras, uma lagoa bem pequena, com uma garça e um pequeno crocodilo só com olhos de fora dágua e quatro adultos acompanhando aquele mulato magro, desengonçado e falante, cheio de histórias para enrolar turista! Já que era o dia do mico, resolvemos registrar nossa visita com lindas toucas estilo Rastafári por ele oferecidas. Nos sentimos o próprio Bob Marley! Não ficaram umas graças? Mas isso é uma história prá depois...

Saímos esperando qual seria a próxima surpresa que o taxista ia proporcionar-nos. A poucos minutos dali estava o aquário natural. Numa falésia de corais, onde se desce por uma escada usada em piscinas, centenas de peixe nadam em volta dos mergulhadores. É de tirar o fôlego olhar para a cor do mar e ver tantos peixes grandes, mansos e curiosos.

Depois de um bom tempo ali, descobrimos que já era tarde e saímos em busca de um almoço. Com as roupas salgadas e molhadas, ficamos preocupados em sujar o carro. Foi aí que o taxista nos falou calmamente que não tinha importância. O carro dele tinha apenas 3 dias de uso e parecia até que era estofamento descartável. Quase...Com a isenção de impostos aquele carro que mais lembrava um Corolla custou-lhe 6 mil dólares! Foi aí que entendemos como um lugar tão pequeno tinha tantos carrões, só visto com jogadores e atores americanos como Myke Jordan e Arnold Schwarzenegger. Um detalhe: os carros não podem sair da ilha!

Chegamos na praia de San Luis, no restaurante "El Paraíso". Cervejas geladas, Zico e Roberto pediram um Rum para acompanhá-las. Para tira gosto, camarão com patacones! Já estávamos viciados em comer os tais Patacones. Todos os pratos colombianos, raras excessões, são servidos com essa iguaria. Nada mais é do que banana, que mais parece a banana de três quinas ou da terra, cozidas e fritas em rodelas amassadas como uma bolacha. O arroz que acompanha o peixe é feito no estilo chinês, só cozido na água. Há a opção do arroz de coco, que é feito com coco queimado e açúcar. Fica moreno e levemente adocicado. Um sabor exótico para acompanhar comidas salgadas. Salgada foi a conta, que ficou em $140 mil pesos, aproximadamente 140 reais. Mas pensando bem, pela vista, cervejas com rum, entrada de camarão, o tamanho do pargo que comemos, foi barato!

O taxista voltou para nos buscar às 17 horas, conforme combinado. Na cidade, saímos às compras. O comércio fechas às 20 horas e queríamos comprar os presentes e lembranças, aproveitando os preços sem impostos. Compramos uma filmadora profissional da Panasonic por U$ 850,00, o nosso presente, para registrar a continuação da viagem em filmes. Encontrei um jogo que há muito queria comprar, o Rummy. As pedras são idênticas ao dominó e o jogo tem alguma semelhança com o mexe-mexe. É divertido e tem uma boa dinâmica.

Encerramos a noite tomando um whisky com gelo fornecido pela Edna, que com sua criatividade usou a saboneteira como forminha. Interrompemos nosso jogo de Rummy porque ocorreu um pique de luz e ficamos sem energia. Foi um bom motivo para apreciarmos da varanda a noite de lua cheia que clareava a praia e a Johnny Cay, nosso programa para passear no dia seguinte.

domingo, 18 de novembro de 2007

Arquipélago de San Andrés - I

A "Isla de San Andres" fica no mar do caribe, a leste da Nicarágua e nordeste da Costa Rica. Atualmente pertence à Colômbia mas foi muito disputada, desde seu descobrimento em 1527, por espanhóis, ingleses, escoceses e piratas. Durante as últimas décadas a Nicarágua tem disputado a soberania do arquipélago, mesmo com a existência de vários tratados que ratificam os direitos da Colômbia.Há um processo no Tribunal de Haya para obter uma decição definitiva.

A ilhota tem apenas 25km² e fica a 480 km da costa colombiana. Nas nossas pesquisas, sabíamos que a cor do mar era aquele só visto nas propagandas de Bora Bora, e que era um lugar não tão explorado pelos turistas. Era o que queríamos!


O avião da AVIANCA, a companhia aérea colombiana que adquirimos nossos vôos internos, sobrevoou a ilha. A cor do mar em vários tons de azul e verde justifica o nome de "ilha de 7 cores". A pista do aeroporto vai da margem esquerda à direita da ilha. Sensação de pouso na água de tão pequena que é a pista! O aeroporto fica na cidade, que se não fosse pelas bagagens dava para ir andando até o hotel que reservamos.

O Hotel Porto Belo é de um cearense que casou-se com uma colombiana. Uma estrutura simples, mas sua localização não poderia ser melhor. Fica no calçadão que separa o hotel da areia e em frente a ilhota de Johnny Cay. Sabe aquele desenho de uma ilha de forma arredondada no meio do oceano, com areias brancas, coqueiros e banhada de sol? É a vista que temos da janela e da ilha em frente ao quarto. Não queríamos mais nada, isto é, só uma cerveja gelada e uma sombra fresca!

Nos trocamos rapidamente, nos esticamos à sombra dos coqueiros e em seguida um mergulho que ninguém é de ferro! Água morna, limpa, transparente e sem ondas! Apareceu o Agostinho, uma figura de pouco trato mas que nos serviu cerveja, ofereceu barraca com sombrinha e um peixe grelhado. Logo no primeiro dia ele já veio com uma conta com 4 cervejas a mais, depois de nos servir um peixe prá dois com um só talher. Mostramos nosso descontentamento, dispensamos o serviço dele para os próximos dias. Promessa não cumprida porque ele abriu um sorriso e puxou algumas conversas. Uma forma de retratar-se, para não perder os novos fregueses.

Descobrimos que a ilha é um porto livre, com centenas de lojas de perfumes, óculos, eletrônicos, roupas, tênis e toda a miúdeza que a China possa produzir! O mercado é dominado por libaneses, apesar da maior parte de sua população ser formada por mestiços afroamericanos e mulatos. Com as bebidas importadas a preço de banana, é fácil ver bêbados com uma garrafa de whisky de primeira linha debaixo do braço. Ainda bem que são passivos e andam cantando Reggae!

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Despedida de Cartagena

Dia livre para circularmos pela cidade amuralhada e visitar alguns pontos ainda não vistos. Cartagena é sempre quente, com uma temperatura superior a 30 graus. Apesar de dizerem que tem um período de inverno, isto é, quando aumenta o volume de chuvas, sempre é verão. Na semana que ficamos lá algumas chuvas caíram em pancadas rápidas e logo o sol e o calor retornaram com força total!

Visitamos o castelo de San Felipe de Barajas, com 15 mil metros quadrados e uma bateria de 63 canhões. Foi inicialmente edificado por holandeses, mas é uma obra de engenharia militar, creditada aos espanhóis. Paramos em um boteco em frente ao castelo, para apreciarmos a vista e tomarmos uma cerveja Águila.

Fomos visitar o Sofitel Santa Clara, hotel gerido pelo grupo hoteleiro francês Accor. É uma bela construção que um dia foi o convento das irmãs clarissas. Restaurado por cinco anos, de 1990 a 1995, ano em que toda a cidade foi recuperada. Até 1975 o convento de Santa Clara pertencia ao governo e foi usado em parte como hospital.

Pelas calles circulam as "palenqueras", negras cheias de viço que equilibram na cabeça uma cesta de frutas tropicais ou um tabuleiro de cocadas. Com saias rodadas colares e brincos coloridos, lembram nossas baianas. Caminham sempre com um sorriso, a espera de um turista para fotografá-las em troca de algum dólar ou uma venda dos seus produtos. Vendedores de frutas oferecem mangas e melancias já cortadas ou colocadas em saquinhos plásticos.

















Próxima à saída da cidade amuralhada uma multidão circula entre os camelôs nas calçadas. Na rua, uma frota de microônibus coloridos - las busetas - disputam espaço com os carros e táxis. O meio de transporte é feito por pequenos ônibus que cada motorista decora a seu gosto. Os mais tradicionais utilizam almofadas, franjas nas janelas, relicários e imagens da Virgem da Candelária no teto, e no pára-sol exibem desenhos variados por dentro e por fora da lataria. Quase todos sintonizam em rádios populares que tocam ritmos como o vallenato e o regueton, mescla de rumba e reggae.
Ao final do dia, não poderíamos deixar de ir ao “Crepes & Waffles”, um restaurante, bar e cafeteria do qual nos tornamos fregueses pelo crepe delicioso, sucos, sorvetes de frutas variadas e pelo serviço eficiente. No primeiro dia almoçamos no restaurante "La Vitrola", muito bom, mas o crepe nos ganhou, é aquela questão de empatia com o lugar! Não podemos esquecer de citar o café colombiano, que merece a fama que tem. Todo dia era sagrado um capuccino ou um cafezinho lá intitulado de "tinto", para encerrarmos o dia.

Hora de fazer as malas e nos preparar para o vôo de manhã à San Andrés, a ilha das sete cores!
Cartagena ficará para sempre em nossa memórias! A viagem já valeu à pena!