sexta-feira, 15 de agosto de 2008

A Grande Muralha

Este era um dos sonhos das nossas vidas, um dia conhecer a Grande Muralha da China, uma das 7 maravilhas do mundo! Histórias e mais histórias eram ouvidas a respeito dela e que era a única construção humana que poderia ser vista do espaço, com seus milhares de quilômetros que serpenteiam por desertos, colinas e planícies! Pertencemos àquele grupo de pessoas curiosas, que tem que ir lá para ver, tocar e sentir o cheiro do lugar, e finalmente esse dia chegou!

A Grande Muralha é o resultado da unificação de diversas muralhas que cercavam vários reinos da China Imperial que brigaram entre si por séculos. Foi na dinastia Ming que se realizou a unificação da China e que também unificou as muralhas para transformá-la numa grande fortificação inexpugnável na defesa do território contra os povos do norte, os mongóis e os manchus. A estratégia da muralha foi a de se estender pelo divisor de água de uma seqüência de cadeias de montanhas, cuja parte mais alta está voltada para o lado do possível invasor. Entretanto, nunca imaginei o quanto era difícil chegar ao topo daquela muralha!

Perto de Beijing existem três trechos abertos à visitação. Somente alguns trechos foram totalmente restaurados. Como não sabíamos qual deles era o mais belo ou mais significativo, contratamos uma excursão para aquele que era o mais visitado, porque incluía uma visita aos túmulos Ming.

A distância de Beijing à muralha é de aproximados 120 quilômetros que imaginamos ficar a duas horas de carro de lá. Portanto, nosso microônibus saindo às 8 horas da manhã, chegaria lá por volta das 10 horas. À hora combinada nosso guia apareceu no hotel e fomos os primeiros a entrar no pequeno ônibus. A partir daí começamos as dificuldades para escalar a muralha:

Peregrinação por diversos hotéis para embarque dos hóspedes que estariam na mesma excursão, até completar a lotação, cerca de 1 hora depois.

Iniciada a viagem, paramos numa grande oficina de lapidação de jade nos arredores,para assistir o processo com uma guia local explicando sobre os diversos tipos da pedra e técnicas, passando por uma grande galeria com grandes esculturas entalhadas em vários tons de jade, e na saída, a passagem obrigatória na loja para comprar algum souvenir. As peças são lindas, esculturas belíssimas, mas além de serem pesadíssimas o preço também era pesado!


Seguimos mais um pouco a viagem e chegamos num pátio murado, para visitação ao túmulo Ming. O local é interessante, com muitas explicações do nosso guia, com direito a uma passagem pelo portão com um obstáculo tipo bandeira de porta ao nível do chão, no qual todos os visitantes tinham que dar um pulinho e gritinho significando que um dia voltaremos àquele lugar.

Quando se fala em túmulo não se tem a noção de que se trata de uma grande área com jardins e grandes edificações que lembram palácios, sustentadas por colunas de cedro, com 13 metros para sustentar o telhado, elaborado só com encaixes em madeira, além de todos os detalhes de pinturas em cores no forro. Além da estátua do Imperador Yongle, que supervisionou a construção da Cidade Proibida, o museu nos surpreende pelas belas peças usadas pelos imperadores, adornos, vestes e coroas, em destaque uma coroa em filigrana de ouro com dois dragões!

Seguimos viagem e finalmente a muralha com centenas de turistas ao mesmo tempo, um sol e calor de rachar os miolos e uma fome danada! Quando olhamos a quantidade de turistas naquele vai e vem naquela escadaria íngreme e o tanto que teríamos de subir, nos sentimos como os mongóis, que se aventuraram um dia para vencer aquela fortaleza, e com um detalhe, só tínhamos uma hora e meia para cumprir aquela missão! Diante daquele desafio e da beleza que é a muralha, esquecemos tudo e fomos em frente, ou melhor, acima! Os degraus são de variadas alturas e temos que vencer não só a escalada como o vai e vem de turistas, principalmente os brancos, mais lentos e alguns obesos, que estão rosados e suados! Os chineses também sobem com suas pernas curtas mas ligeiros como formigas!

Finalmente a Muralha da China foi conquistada por nós quando chegamos a torre de observação e lembramos de um provérbio chinês que diz: VOCÊ SÓ SERÁ UM HOMEM COMPLETO SE UM DIA SUBIR A MURALHA DA CHINA.

Eu realmente me senti um homem completo ao contemplar aquela maravilha serpenteando as montanhas com algumas ameias que interrompem o ritmo que a muralha desenvolve. Fotos e mais fotos, filmagens e comentários de admiração para aquele feito do povo chinês. Quem teve a capacidade de construir tão grande obra, poderia com facilidade reconstruir o país da forma como eles estão fazendo!

Hora de voltar e encarar um novo desafio, sob um calor causticante: descer os degraus da muralha...ou melhor desescalar, isso mesmo...cada degrau é diferente do outro e alguns chegam a uns 40 cm de altura! Sendo os chineses de porte baixo, o cara que ia ficar de guarda nas torres vigias deveria ser alguém que estava passando por algum castigo. Nossas pernas ainda tremiam do esforço quando chegamos ao ponto de encontro para seguir de ônibus até o restaurante, roxos de fome e de sede!

Nossa visita à Muralha foi inesquecível mas se alguém tiver em grupo, o melhor é dividir um táxi e chegar lá bem cedo para desfrutar mais da visita, sem a correria e a visita obrigatória a diversas lojas, sem aviso prévio pelos guias.

Da mesma maneira como foi a ida, o retorno não poderia deixar de passar por alguns locais de visitação totalmente desnecessários. Já que estamos lá, apreciamos a confecção de peças em closonné, uma técnica elaborada em peças de latão, onde os desenhos são contornados por um fio metálico delicamente colado e depois habilmente pintados com tinta e queimadas no forno à lenha. Peças maravilhosas que vão desde jarros de dois metros de altura a pequenas peças para elaboração de bijuterias. Na saída, claro, uma loja imensa com milhares de peças. Paramos para admirar as pinturas em papel de arroz e depois recortes de desenhos em papel, uma técnica que exige além de muita habilidade e a paciência de chinês!

Passamos na avenida onde o Estádio Ninho de Pássaro e o Cubo Dágua foram construídos, mas sem direito a parada, pois não permitem a visitação. Tempo só de registrar em foto aquelas construções que o mundo irá admirar nas olimpíadas.

Depois de duas visitações a lojas sem aviso prévio, outra novidade do nosso guia: paramos na famosa casa de chá do Dr. Tea, onde belas garotas vestidas em trajes tradicionais fazem demonstrações das várias maneiras de tomar o chá de variadas origens de plantas, com direito a degustação e aulas de como posicionar os dedos da mão que difere dos homens com os dedos para dentro e para as mulheres com os dedos mindim e anular para fora, além dos diversos e divertidos sons para sorver a preciosidade, de acordo com o tipo de chá. Os preços são caríssimos, uma caixinha mais simples, em torno de R$ 100,00!

Finalmente nosso hotel! Precisamos descansar nossos pés que estão reclamando! Estávamos extenuados mas com o sabor da vitória: alcançamos o topo da Grande Muralha da China e, se puder, um dia requeremos retornar lá!

2 comentários:

argbraga disse...

Essa foi uma comemoração de bodas em grande estilo, junto com os filhos, depois curtindo so os dois e passando por lugares incríveis!
Parabéns. E, quando eu resolver ir pra esses cantos do mundo, vou querer uma assessoria, hehehe!!!!
beijos
Nitinha

Anônimo disse...

Zoe, visitei a muralha com voce. A riquesa de detalhes e a vibração com que conta nos faz desligar do mundo em volta e subir com voces cada degrau. Consigo imaginar a vista deslunbrate que tiveram e me senti plenamente saciada. Seu blog alem de trazer suas experiencias é uma aula de história. Muito obrigada. Beijos
Haydée